na TV e no tecido

Arpillera chilena

Postergo um pouco o terceiro e último post (primeiro, segundo) sobre artistas que conheci em Buenos Aires, mas continuo na América do Sul.

Semana passada vi "No", o título chileno indicado a concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. A trama tem uma abordagem original dentro do gênero “filme sobre ditadura militar”, tão popular no cinema latino-americano. O mexicano Gael Garcia Bernal vive o publicitário René Saavedra, o diretor de criação da campanha realizada em 1988 para o plebiscito que restabeleceria a democracia no Chile. O filme mostra que a ideia de propor o “No” (não para a permanência do General Augusto Pinochet) como um produto, usando todos os recursos clássicos da publicidade, conquistou a opinião de quem vivia alheio a ditadura.



NO, La Película - Trailer Oficial from Fabula on Vimeo.


O resultado foram propagandas políticas com linguagem de videoclipe, alegres, coloridas, repletas de figurinos de lycra e cabelos com permanente, característicos da década. "O que verão a seguir está marcado dentro do atual contexto social", fala o protagonista para justificar seu trabalho em diferentes momentos da história.  O filme foi realizado com uma tecnologia que simula uma imagem antiga, de videocassete, para não haver conflito visual com o material de arquivo amplamente usado.

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“Arpillera” é um trabalho artesanal, uma variação do patchwork. Seria um cartum feito com tecido. Durante a ditadura chilena a técnica passou a ser utilizada por mulheres como forma de denunciar a situação política do país. Ou seja, de certa forma também servia como publicidade.









O filme me lembrou da exposição “Arpilleras: da resistência política chilena” que esteve cartaz em algumas capitais brasileiras ano passado, e de cujo site tirei essas imagens. Para quem se interessou o catálogo pode ser baixado aqui.



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