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Tomar mate, levar marmita para o trabalho, usar transporte público ou bicicleta são alguns dos hábitos portenhos. Pensando nestas ações cotidianas as estilistas argentinas Tatá Rachi e Clari Querejeta criaram a grife de acessórios a Kitchenette.



cestinha de bicicleta removível


kit toalha de pique-nique e bolsa para levar o mate (chimarrão) e a garrafa térmica
lancheira para a marmita

A dupla utiliza toalhas de mesa de plástico como matéria prima. Podem ser antigas ou garimpadas em viagens. Os acessórios têm um estilo propositalmente kitsch. “Nos inspiramos nas cores, nas avós, nas coisas de avós, no cinema, nas coisas em ordem, em um bom disco, ou em um disco ruim, em uma taça de chá com limão bem gostosa e em montanhas de tecido”, revela Tatá.


almofada para a garupa da bicicleta


porta-coisas para a garupa da bicicleta

Há pontos de venda espalhados por Buenos Aires ou sob encomenda: http://www.facebook.com/kitchenette.objetosfelices


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E o lifestyle paulistano e a moda?

Com as malas quase prontas para voltar para São Paulo e o final de ano batendo na porta é inevitável o clima de balanço e de comparações. Vou sentir muita falta do meu estilo de vida em Buenos Aires. A cidade é menor, plana, arborizada, o transporte público funciona, é barato, e boa parte das linhas ônibus circulam 24h por dia. Até nas baladas mais “coxinhas” a mulherada se equilibra no salto, ajeita a saia, forma fila indiana e faz sinal pro ‘colectivo’ na madrugada.

O Pedro Lourenço declarou para uma  coluna social: "A mulher brasileira não tem vida urbana, não precisa de roupa para o cotidiano. Nem de bolsos, porque não toma metrô, joga todos os pertences no carro, que é sua cela." O carro virou um cômodo móvel da casa. E o que carro tem a ver com moda? A observação do designer foi a respeito de suas clientes, mulheres com alto poder aquisitivo, que além do carro devem ter um motorista. Contudo, vale a pena refletir sobre a frase muito bem colocada do estilista. 

De maneira geral, a moda feita hoje no Brasil é pensada para a vida urbana? E para a vida urbana sem carro? 
Em São Paulo é comum sair de manhã para trabalhar e seguir para a faculdade, curso, ou para um bar, e prolongar-se até a balada noite a dentro.  

Como seria o figurino ideal para uma pessoa que tem o tempo preenchido de manhã até a noite? E para quem não tem carro? Teria bolsos? Seria feito de tecidos térmicamente confortáveis e resistentes? Bolsas anatômicas e fáceis de carregar? Sapatos confortáveis? Blusas e vestidos com bom caimento para levantar e abaixar o braço com conforto? Shorts e saias com um comprimento adequado para, por exemplo, não deixar espaço de pele para grudar no banco do ônibus nos dias de calor? E os bravos ciclistas paulistanos? O que falta acessórios lindos e mais baratos para eles? 
E o seu dia-a-dia? Há uma demanda de uma moda utilitária, atrelada a qualidade e a praticidade? Que atenda as necessidades de uma vida “ao ar livre”? É essa a vanguarda da moda do nosso tempo? Acho que sim.

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