Ecos, com grife, da África

Os sapeurs são autênticos cavalheiros. Apostam em muita alfaiataria clássica, chapéus, e em acessórios como bengalas e cachimbos. Adoram usar marcas como Dior, Gucci, Yves Saint Laurent, Versace e Yohji Yamamoto. Além da elegância no vestir prezam as boas maneiras e uma atitude pacífica. Se consideram artistas. Sonham em um dia ir para Paris e voltar à terra natal como ícones do estilo. Eles moram no Congo. 

foto: ©Daniele Tamagni

foto: ©Héctor Mediavilla Sabaté


A expressão sapeurs vem da sigla SAPE, que significa: Société des Ambianceurs et des Personnes Élégantes. Eles começaram a perceber essa maneira mais clássica de vestir graças a influência da vestimentas dos franceses que invadiram o país no começo do século XX. Os primeiros sapeurs foram aqueles que viajavam para a Europa e voltavam cheio de estilo.

©Héctor Mediavilla Sabaté


Nos anos 60, o músico Papa Wemba, do país vizinho, a República Democrática do Congo, se encantou com a SAPE e passou a difundí-la em suas músicas. Na ocasião, o país se chamava Zaire, e isso significava uma grande forma de protesto porque o regime do ditador Mobutu Sese Seko obrigava a população vestir-se com roupas tradicionais africanas.



©Héctor Mediavilla Sabaté

©Héctor Mediavilla Sabaté

©Daniele Tamagni

©Daniele Tamagni

©Daniele Tamagni


Os sapeurs não vivem o personagem 24h por dia. Usam as roupas somente aos finais de semana e o fazem porque além de ser uma maneira de fugir da dura realidade social do país, são tidos como celebridades. São convidados para participar de eventos (até velórios). Hoje em dia os jovens adeptos do grupo também gostam do estilo dos astros do hip-hop dos Estados Unidos.

Esses dândis africanos começaram a aparecer na imprensa internacional graças ao fotógrafo italiano Daniele Tamagni que clicou o grupo entre 2007 e 2008, e em 2009 publicou o livro “Gentlemen of Bacongo” (ed. Trolley). Por esse trabalho Tamagni ganhou em 2010 o prêmio ICP's Infinity Awards na categoria moda e publicidade. Bacongo, aliás, é um bairro de Brazzaville, capital do país onde os sapeurs se concentram.



vídeo com as fotos do livro:


O estilista Paul Smith fez uma coleção inspirada nesses homens. Não por acaso. Ele assina o prefácio do livro.

©Daniele Tamagni

Márcio Madeira/ style.com

Entre 2003 e 2004, outro fotógrafo, o catalão Héctor Mediavilla Sabaté, um dos integrantes do Coletivo Fotográfico Pandora, também realizou ensaios sobre o sapeurs. Algumas de suas fotos foram publicadas na descolada revista Colors e é dele um texto super didático (em inglês) que explica a história do movimento.

©Héctor Mediavilla Sabaté


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Vídeo que mostra os jovens sapeurs



Soube existência desse grupo graças ao link do jornal Guardian , dica gentil do @dakial

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Falando em vontade de ir para Paris, nos próximos posts eu continuo o Diário de Bordo. Agora na Cidade Luz.

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Atualizado em 17/01/2011
E não é que .... começa 17/01 na Aliança Francesa dos Jardins, aqui em São Paulo, a Exposição "Le Sape" do fotógrafo congolês Baudouin Mouanda. A mostra estava na Bahia e agora veio pra cá. Mais informações aqui. A dica valiosa foi do leitor Raphael Debei

Comentários

  1. Boa noite,
    gostaria de dizer que gosto muito do seu blog.
    E gostaria de dar uma dica, ainda no assunto do post.
    Hoje começou a exposição "La Sape" com fotografias dos sapeurs tiradas por Baudouin Mouanda, ela está em cartaz na Aliança Francesa Jardins-Trianon, é de graça e vai até dia 14/03.

    Achei que valia a pena compartilhar.
    :)

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