vestígios da noite

Voltei de “Uma noite em 67” pensando que essa recente leva de documentários sobre música pode nos ajudar a ver um pouco sobre a história da moda do Brasil.



O filme tem direção de Ricardo Calil e Renato Terra . O documentário relembra o III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record em 1967 e foi montado a partir de entrevistas e das apresentações da época, mesclados com depoimentos atuais de pessoas envolvidas no evento. Tem Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nelson Motta e até o rei Roberto Carlos. Estes festivais eram competições entre jovens músicos e compositores promovidas pela emissora.

O vencedor da edição tema do filme foi a canção “Ponteio” de Edu Lobo , interpretado pelo próprio e pela cantora Marília Medalha. O segundo lugar ficou com “Domingo no Parque”, nas vozes de Gilberto Gil e do Mutantes, o bronze ficou com Chico Buarque e o MP4 cantando “Roda Viva“. O quarto lugar ficou com Caetano Veloso e sua “Alegria, Alegria” e o “Maria, Carnaval, Cinza e Luz” com Roberto Carlos. Esses festival acontece quando Caetano e Gil estão formando o movimento da Tropicália, a ditadura militar é uma realidade recente, e a jovem guarda estava em voga. O resto vocês assistem no cinema porque vale super a pena.

Mas aí você deve estar se perguntando porque isso tem a ver com moda. Quem for assistir direcione o olhar também para as roupas e os penteados da platéia. No quesito cabelo tem as mocinhas que cortavam curtinho. Muitos penteados estruturados com laquê. Tem as que gostam de usar uma faixa grossa no cabelo. Nas orelhas brincos compridos e nada discretos. Um modelo com um esfera na ponta funciona como um pequeno pêndulo nas orelhas. Os vestidos flertam com a geometria ditada por Courrèges, Paco Rabanne e Pierre Cardin na Europa. Repare no figurino da repórter que entrevista os artistas. Contudo, também havia os mais despojados que trajavam camisetas. Algumas meninas já arriscavam um cabelo solto. Bem natural.

No palco Chico Buarque e Edu Lobo tocam de smoking com a indefectível gravata borboleta. Roberto Carlos usa uma camisa cheia de texturas, a gravatinha e dispensa o paletó. Aí que vem a diferenciação entre os futuros tropicalistas (dá pra ver esse trecho no trailer). Caetano e Gil dispensam a formalidade. O primeiro optou por uma malha de gola rulê com um blazer de tamanho visivelmente maior que o seu. O segundo usa um blazer meio militar. Os Mutantes já portavam um figurino quase fantasia. A Rita Lee linda de franjinha, usa botas e um vestido preto e tem um coraçãozinho desenhado no rosto. Avantgarde.



Outro momento engraçado é quando a repórter (Cidinha Campos) pergunta para a Marília Medalha se os cílios postiços tinham resistido ao choro de emoção depois da calorosa apresentação de “Ponteio“. Os cílios postiços eram uma marca da época. E a Moema me lembrou que a repórter também solta da frase: ‎"a moda agora é dar nome de vegetais para as cores (das roupas)"

Nara Leão que também tinha um estilo bem marcante, que até já inspirou Ronaldo Fraga, não é personagem principal, mas aparece no final toda bonitinha de faixa no cabelo.

Os anos 60 são uma tendência para essa temporada verão 2011 e ver o filme só ajuda a reafirmar o poder cíclico da moda.


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aí minha listinha com dicas de documentários sobre música e com alguma informação de moda:

"Dzi Croquettes" (Fashionista tem que assistir ! Está em cartaz!!)


"Titãs, a vida até parece uma festa"


"Simonal, Ninguém Sabe o Duro que Dei"


"Cartola, Música para os Olhos"


"Alô, Alô, Terezinha" Esse vale pelo figurino das Chacretes


"Nelson Freire" Esse é mais pela música mesmo. Belíssima.

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