antes da cultura de moda




O Brasil tem cultura de moda?
O que é cultura de moda?
O que é ter cultura de moda?
Qual a importância disso e qual a importância disso para a sociedade como um todo?

A solução dessas questões é tema para um blog exclusivo e diário, mas dois fatos recentes protagonizados por personalidades internacionais me deixaram com vontade de instigar o leitor do Moda pra Ler a refletir no assunto.



a) A opinião do stylist inglês Judy Blame sobre a moda Brasileira, primeiro na entrevista ao editor de moda da Folha Alcino Leite Neto e ratificada durante o evento Pense Moda, observando a falta de modelos negras nos desfiles de moda.

FOLHA - O que falta para a moda brasileira ganhar relevância no cenário internacional?
JUDY BLAME - O maior desafio é dar forma ao espírito do Brasil. Encontrar maneiras de expressar as cores, os sons, a vida do país. Quem conseguir fazer isso de verdade vai ficar rico. E tem outra coisa: a moda brasileira precisa de mais espírito de cooperação. Os estilistas precisam parar de fofocar e de falar mal uns dos outros.




b)as filas para comprar as peças do Roberto Cavalli feitas para a popular H&M.





Enfrentar uma fila em busca de uma peça assinada, mesmo que em versão popular é necessário um conhecimento prévio sobre o estilista. Se isso é um mico ou não, não é o caso, mas essa atitude extrema aponta uma sociedade que tem cultura de moda. E no Japão então? As filas são em lojas de luxo como a Vuitton e a Armani.

Moda é cultura, no sentindo de cultura como reunião de conhecimento (se é arte ou não é outra história). Moda é conhecimento. Para entender de moda é preciso entender um pouco de economia, arte, história, sociologia.

Pois bem, Cultura ( com “C” maiúsculo) não é alguma coisa que o povo brasileiro estimule de maneira geral, por inúmeros problemas, mas todos eles decorrentes de um único, a falta de acesso a boa educação. E mesmo assim o Brasil tem conhecimento popular incrível. Na moda, inclusive. Pense nas delicadas rendas renascenças e de bilro feitas pelas rendeiras do Nordeste, certamente algumas delas são analfabetas e realizam aquele trabalho deslumbrante.






Aqui no Brasil a CeA, e a Riachuelo tentaram propor essa parceria. A primeira com a Raia de Goye, Walter Rodrigues e Marcelo Sommer e a segunda com Fause Haten. Não sei precisar os resultados, mas filas não foram noticiadas.

Talvez fosse muito cedo? Ao mesmo tempo o Brasil tem dimensões continentais e um público diverso.

Seguindo a receita de sucesso de Blame, para formar a cultura de moda no Brasil é preciso dar a mão de forma definitiva (não só quando a tendência é o artesanal ) para rendeira do nordeste?

Fica a reflexão



Crédito das Imagens: Marcio Madeira/ Teen Vogue; Grendene/Divulgação; Cosac Naify ; Oficina de Estilo para Pense Moda; Paulo Freitas para Glamurama; H&M/ Divulgação e Sebrae;

Comentários

  1. Muito interessante sua reflexão.
    Acredito sim que o Brasil tenha uma cultura de moda, porém incipiente e, por isso, ainda restrita.
    Quanto às parcerias de estilistas brasileiros com lojas populares, talvez não tenham causado o mesmo burburinho porque não sejam conhecidos pelo grande público (afinal, não é todo mundo que acompanha a São Paulo Fashion Week, lê revistas ou blogs de moda.
    Será que se essa coleção do Cavalli (ou mesmo a da Kate Moss para TopShop) chegasse ao Brasil teria esse mesmo retorno?

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